Koan do Mamão Solitário


ou
O Bater da Palma de um Mamão
traduzido e contextualizado por Pedro Parrachia
muuito tempo, num templo kennin havia um mestre chamado Mokurai, o Trovão Silencioso. Ele cuidava de um garoto de doze aninhos chamado Toyo. O molequetodos os dias via os discípulos mais velhos visitarem o mestre fora das aulas, todas as manhãs, todas as noites. Tanto para receber instruções pessoais de sanzen, como para pedir ajuda a driblar obstáculos e resolver problemas como teoricuzices e frescuras do gênero. E todos eles recebiam koans difíceis e misteriosos para pensar no caminho de casa. 
(porqua naquela época não tinha ônibus nem propagandas no caminho)
Dai, o guri quis fazer sanzen, também.
(soou legal nea?)
“Não,” disse Mokurai. “‘Cê ainda é muito cabaço.”
Anoitecendo, o moleque foi até a porta da sala de sanzen do cara e bateu no gongo avisando que tinha chegado, como nada aconteceu e havia gostado do barulho, ele deu umas porradas bem altas na merda do gongo até o velho acordar irritado e amaldiçoar 5 gerações futuras do guri.
Tendo o chamado antendido, fez 3 reverências e entra, senta e fica com uma cara de bicho de pelúcia pedindo por favor. O mestre aceita ensinar ao pentelho e começa:
“Você sabe o som de duas mãos quando elas batem uma na outra, mas me diga como é o som de uma mão.”
Não, ele não bateu punheta. Ao invés, reverenciou de novo o coroa e foi pro quarto dele pensar naquilo tudo. Olhando para a mão ele pensa, “Puta merda, 5 gerações…”. E nonada ele ouviu de sua janela o uma gueisha cantando, mas seu canto era esquisito, era como se estivesse com alguma coisa na boca… “Ah, deve ser isso!” concluiu ele.
Na noite seguinte, quando o mestre pediu prele ilustrar o som de uma mão, Toyocomeçou a imitar os sons da geisha.
Assustado o velho pergunta “É esse o barulho que você faz quando… Você andou se masturbando, seu pestinha?!”
Aturdido e sem saber o que “gemer como uma vadia” significava, resolveu ir num lugar mais calmo para meditar. E meditou. “Como diabos é o som de um mamão?”. E aconteceu dele ouvir o barulho do rio correndo.
Na noite seguinte ele imitou o barulho do rio pro mestre.
“Quê? Não ‘leque, isso é barulho de água.”
Em vão o guri meditou. Ele ouviu o barulho do vento, que foi rejeitado. O choro de uma coruja, grilos, e ele não desistia.
Por vinte e três vezes ele visitou o mestre com sons diferentes. Todos mó viagem. E ficou assim por quase um ano.
Mas um dia, nonada, o pequeno grande Toyo conseguiu entrar num profundo estado meditativo e transcendeu todos os sons. “Já não havia mais nada pr’eu chutar” ele explicou depois, “então me veio na cabeça o som sem barulho.”
E ele descobriu o som de um mamão só.